Arquiteta baiana mostra contradição de brasileiras: dieta saudável e fumo

11/04/2012 15:33

Arquiteta baiana mostra contradição de brasileiras: dieta saudável e fumo

Salvador é uma das capitais com menor número de fumantes no país.
Mulheres têm dieta mais correta, mas número de fumantes se estabilizou.

Lílian Marques Do G1 BA

 
mel morena varjão bahia (Foto: Arquivo Pessoal)
Arquiteta fuma desde os 16 anos: "Não tenho necessidade extrema de fumar", diz.  (Foto: Arquivo Pessoal)
 

A baiana Mel Morena Varjão, 30 anos, começou a fumar com 16 anos. Arquiteta e moradora de Salvador, ela conta que o hábito teve início por curiosidade. "Meus pais fumavam, comecei a fumar por curiosidade. Acho que meu pai nunca ficou sabendo e minha mãe quando ficou sabendo eu já era adulta", relata.

A arquiteta é exemplo de uma contradição apresentada nos dados da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgada nesta terça-feira (10) pelo Ministério da Saúde. Embora as mulheres tenham uma alimentação mais saudável, os homens apresentam melhor desempenho nas taxas de redução do hábito de fumar.

Apesar do vício, ela se considera saudável. "Tenho um cuidado com a minha alimentação. Gosto de comida saudável, quando trago almoço para o trabalho procuro legumes, coisas leves. Quando almoço em restaurante a minha prioridade nunca é carne, por exemplo. Mas em casa a comida é um pouco mais gordurosa, tipo lasanha, feijão", afirma.

O sexo masculino ainda é maioria no número de fumantes: 18% deles fumam contra 12% das mulheres do país. Mas eles estão reduzindo. Em 2007, eram 21%. O número de mulheres que fumam, no entanto, segue praticamente estável desde 2006, quando a pesquisa começou, variando entre 12% e 13%.

Ainda na população masculina, 25% se declara ex-fumante. O número cai para 19% entre as mulheres.

Mel já parou de fumar uma vez pelo período de um ano. "Tinha decidido parar de fumar junto com meu marido, quando fui casada, e voltei de uma forma natural, não teve um motivo específico. Eu pararia de novo se fosse engravidar, amamentar. Não tenho necessidade extrema de fumar", afirma.

Segundo a arquiteta Mel Morena, ela consome cerca de dois cigarros por dia, uma carteira por semana. "Não fumo no meu ambiente de trabalho, onde tenho contato com muitas pessoas. Sempre que chego em casa fumo, às vezes quando saio chego a fumar uns cinco cigarros e nos finais de semana uns seis por dia", disse. Ela conta que, até hoje, não teve nenhum problema de saúde ocasionado pelo uso do cigarro.

Com 1,60 m de altura e 54 kg, a arquiteta  diz que não faz exercícios físicos regulares atualmente, mas pretende voltara a malhar em uma academia em breve. "Estou com 30 anos, às vezes me acho gordinha, mesmo as pessoas dizendo que não, que estou ótima", diz.

De acordo com o Ministério, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta R$ 19 milhões por ano com diagnóstico e tratamento de doenças causadas por tabagismo passivo.

Para José Miguel Chatkin, coordenador do programa de tabagismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-SP), a estabilização no número de mulheres fumantes é um fenômeno observado já há algum tempo.

Ele acredita que isso pode estar relacionado com a liberação feminina, mas reconhece que há um forte componente também do mito de que fumar emagrece. "Só emagrece se a pessoa estiver com alguma doença relacionada ao tabaco. O contrário pode até ser verdade, se fuma e para tende a engordar três a quatro quilos na primeira fase, mas depois normaliza," explica o médico.