Mensagens de celular mostram novas conversas de líder da greve na BA

09/02/2012 22:19

 

Policiais militares em greve na Bahia desocuparam o prédio da Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira (9). A saída dos PM do prédio ocorreu nove horas depois de o Jornal Nacional ter divulgado conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça em que o líder da greve combina atos de vandalismo com outro grevista.

As mulheres foram as primeiras a deixar a Assembleia Legislativa pouco depois das 6h da manhã desta quinta-feira (9). Em seguida, saíram os policiais grevistas.

Quem não tinha mandado de prisão pôde ir para casa. A grande expectativa era para a saída do ex-policial Marco Prisco, presidente da associação que convocou a greve. Ele aparece em imagens conversando com um militar do Exército.

Para que o prédio fosse desocupado pelos grevistas, Prisco fez uma exigência e foi atendido. Ele quis deixar a Assembleia pelos fundos do prédio, longe da imprensa. Prisco e o policial Antônio Angelini, que também tinha mandado de prisão, foram conduzidos por agentes federais.

Os dois foram levados para o quartel da Polícia do Exército e depois, para um presídio em salvador.

O homem que comandou a invasão da Assembleia Legislativa foi exonerado da PM em 2001, depois de ter se envolvido com uma outra greve. Já foi candidato a deputado estadual pelo PTC, Partido Trabalhista Cristão, mas não se elegeu. Hoje, é filiado ao PSDB.

Nos últimos dias, ele foi flagrado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Em uma delas, conversa com o ex-policial David Salomão, que também participava da greve.

Veja abaixo parte do diálogo
Prisco - Desce toda a tropa pra cá meu amigo. Caesg e vocês. Desce todo mundo para Salvador, meu irmão. Tô lhe pedindo pelo amor de Deus, desce todo mundo para cá...
David Salomão - Agora?
Prisco - Agora, agora. Embarque...
David Salomão - Eu vou queimar viatura. Eu vou queimar duas carretas na Rio-Bahia agora...
Prisco - Fecha a BR aí, meu irmão. Fecha a BR.

Nesta quinta, David Salomão, se justificou. “As gravações nós já sabíamos que estavam sendo monitoradas. E, no intuito de impedir que o governo invadisse a Assembleia e derramasse sangue de policiais inocentes, nós falamos que iríamos mobilizar e parar a Rio- Bahia. Quero deixar bem claro que não houve crime”, disse.

Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, as gravações exibidas ontem pelo Jornal Nacional são comprometedoras. "Todas as evidências, e particularmente os áudios mostram claramente a conexão entre atos de vandalismo, crime e articulação do movimento grevista por algumas das lideranças. Isso me parece evidente que uma verdadeira organização criminosa que articulava a greve e ações na Bahia, que articulava açõe a serem desencadeadas no Rio de Janeiro e em outros estados estava sendo formada, estava sendo constituída”, disse.

O governador da Bahia, Jaques Wagner, do PT, disse que espera fechar um acordo para o fim da paralisação. "A minha palavra agora é muito serena e de paz, de convocação para que todos os policiais militares voltem e tenham confiança no governador que meu esforço será cada vez mais de recuperar e valorizar a Polícia Militar do estado da Bahia.

Ontem, foi presa administrativamente uma PM que teve mensagens de celular interceptadas com autorização da Justiça. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, na terça-feira passada, Jeane Batista de Souza mandou recados para o ex-policial Marco Prisco sugerindo que grevistas invadissem o batalhão de guardas, onde ela trabalha.

A policial disse que o batalhão podia ser tomado pela avenida Gal Costa, onde tem uma escadaria que dá acesso a uma guarita.
“web: o bg pode ser tomado pela av.gal costa (pistao), tem uma escadaria que da acesso a guarita 06, segue a direita, sgt”

Disse que ficavam apenas dois sargentos no local. E que 15 homens armados poderiam render a guarnição.
“web: ficam apenas 2 sgt, 1 pagando armas de 19:40min a 20:00hs.oefetivo e muito pouco:15homens armados rendea guarnicao sgt”

E sugeriu que se os invasores apresentassem a identidade de militar não precisaria ter troca de tiros, nem violência porque, segundo ela, todos são irmãos e estão no mesmo barco.
“web: se apresentarem a id de de militar nao precisa ter troca de tiros, nem violencia,pois somos irmaos e o mesmo barco”

Oficialmente, a greve da PM não acabou. Representantes de associações de policiais se reuniram à tarde em assembleia para discutir os rumos da paralisação.