Após 12 anos de espera desde o lançamento da segunda edição, "Diablo III", o último game da série de RPG iniciada em 1996, foi lançado às 4 horas da manhã desta terça-feira (15) no Brasil - meia-noite na Califórnia (EUA), sede da Blizzard, criadora do jogo. Para não perder mais nem um minuto de espera, a tática de muitos fãs foi passar a madrugada e a manhã acordados, jogando sem parar. Para isso, eles tiveram que inventar desculpas para faltar ao trabalho e à aula na faculdade ou escola.

"Eu disse para o meu superior na empresa que precisava resolver problemas pessoais, que eu não posso falar senão minha identidade será revelada, e não poderia trabalhar por dois dias", conta um jovem paulistano de 24 anos que trabalha na área de Tecnologia da Informação de uma empresa que pediu para não se identificar. "Este jogo para mim é tudo. É o único jogo que eu venero. Esperei pouco mais de uma década por ele. Eu tenho um amor especial por ele desde que o joguei pela primeira vez em 1997, é indescritível".

Ele afirma que não tem medo de perder o emprego por ter faltado ao trabalho e que o risco valeu a pena para poder jogar por dois dias. "Minha vida quando eu voltar ao trabalho será bem diferente. Acho que não vou produzir tanto quanto antes do lançamento do jogo. Vou passar o dia inteiro pensando nele e querendo chegar em casa para jogar".

Para não perder pontos em uma prova na faculdade, o estudante de jornalismo Nivaldo Nascimento, de 32 anos, de Uberlândia (MG), conversou com os professores e decidiu fazer um trabalho baseado no lançamento de "Diablo III". "Avisei o professor do dia de que iria faltar. Minha professora disse que se eu justificar a falta com o trabalho [sobre o jogo] para o meu site, eu posso entregá-lo depois do restante da turma e recebendo metade da nota". Mesmo assim, ele decidiu ficar em casa nesta terça-feira.

Nascimento, que está desempregado, agradece por não ter que justificar a falta no trabalho. "O Brasil para quando a seleção brasileira vai jogar na Copa. Todos vão assistir à partida. Acho que muita gente da mesma geração que a minha está com saudade do jogo e para quem gosta é como se fosse uma Copa do Mundo.

Para não se prejudicar - tanto - no trabalho, o assessor de informação Rafael Santos da Silva, de 24 anos, não faltou nas suas obrigações, mas conseguiu tirar 15 dias de férias. "Avisei aos chefes de que usaria os dias de descanso para jogar 'Diablo III'". Preocupado, ele conta que chegou a perguntar para colegas se tirar férias para jogar o game não prejudicaria ninguém. "Eles me conhecem, sabem que eu gosto do jogo. Como não houve problemas, vou aproveitar esses 15 dias de jogo".

Segundo ele, o fato de tirar férias para jogar "Diablo III" não chegou a ser motivo de chacota no trabalho. "Eu sou programador, trabalho com um monte de nerds. Sou nerd e sou feliz assim, faço o que gosto. Não tenho medo de que me taxem de nerd. Gosto disso, tenho namorada, vou casar. Tenho uma vida normal e gosto de 'Diablo III'.

Fãs dão suas impressões sobre o game
Para jogar "Diablo III", os fãs passaram por quase 12 anos de espera desde o lançamento da segunda edição do jogo de RPG. O título foi anunciado em 2008 e, desde então, a expectativa dos gamers por uma experiência "perfeita" era grande. Por isso, os fãs jogaram o título desde a madrugada, após os problemas com os servidores da produtora terem sido resolvidos e o acesso dos jogadores ao game reestabelecido, e contam ao G1 suas experiências iniciais.

 "É o 'Diablo' clássico. O esquema de jogo, com visão isométrica do cenário, com coleta de itens, de sair matando zumbis para todos os lados, de pegar ouro e itens", comenta Silva. "As pessoas estavam com medo de a fórmula ter mudado, mas a Blizzard manteve a característica do jogo. É um 'Diablo' autêntico".

No game, os jogadores podem assumir o papel de cinco personagens heroicos: bárbaro, feiticeiro, arcanista, monge ou caçador de demônios. Os heróis entram numa jornada épica para livrar Santuário das forças degradantes do Inferno Ardente, explorando diferentes e perigosos ambientes, aumentando sua experiência e suas habilidades, adquirindo artefatos e encontrando personagens-chave que os acompanharão lado a lado no campo de batalha. Todas as partidas são geradas de modo aleatório, ou seja, os inimigos nunca aparecerão no mesmo lugar para enfrentar o jogador.

Para o gamer paulistano que não pode se identificar, "Diablo III" surpreendeu - Ele conta que, na manhã desta terça-feira, já estava no nível 14 com o seu personagem (todos começam no nível 1), um bárbaro que recebeu o nome de Conan, como no filme. "Minha expectativa estava alta. Eu tinha receio por conta da ambientação, que achei que seria mais escura, para fazer jus ao primeiro jogo da franquia. A jogabilidade está incrível. A questão de evolução de personagens foi um avanço do que se viu no título anterior".

"Diablo III", que foi lançado mundialmente neste 15 de maio, é vendido em versão digital no Brasil por R$ 100. O RPG de ação é traduzido para o português no país e a dublagem agradou aos fãs.

"A dublagem está perfeita, de acordo com o que eu esperava, e as traduções dos ambientes estão boas", conta o gamer que não quis revelar o seu nome.

Entretanto, para Silva, a voz escolhida para seu personagem, o feiticeiro, não ficou como ele queria. "Contrataram uma boa equipe, mas a voz do feiticeiro está descaracterizando o personagem. Preciso jogar mais para ver se mudo minha opinião".