O candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi, vencedor das eleições presidenciais no Egitoneste domingo (24), reafirmou após ser declaro o novo presidente que o país honrará seus tratados internacionais.
A fala representou um gesto claro para Israel, que se mostrava preocupado com o tratado de paz firmado há 33 anos com o Cairo. Ele já havia dito, durante a campanha, que respeitaria os acordos.
"Manteremos os tratados internacionais e acordos entre o Egito e o mundo", disse Morsi em seu primeiro pronunciamento transmitido pela televisão, acrescentando que o Egito quer estar em paz com o resto do mundo, mas tem capacidade de se defender de qualquer ataque.
Ele concorreu pelo grupo islâmico Irmandade Muçulmana. No pronunciamento, Morsi disse que será o presidente de todos os egípcios e classificou o episódio como "momento histórico".
Morsi se tornou o primeiro presidente eleito no país no período pós-Mubarak após receber 51,7% dos votos no segundo turno, disputado no fim de semana passado. Ele já havia sido o mais votado no primeiro turno, em maio.
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Em meio à ansiedade gerada no país após a declaração do resultado por conta do histórico de confrontos entre a Irmandade Muçulmana e as Forças Armadas, que governaram o Egito por seis décadas, Morsi elogiou o Exército pelo papel que desempenhou em governar o Egito desde a destituição do ex-presidente Hosni Mubarak no ano passado.
Ele também prometeu cumprir todos os objetivos daqueles que participaram da revolta que derrubou Mubarak.
O candidatao derrotado, o brigadeiro da reserva Ahmed Shafiq, enviou congratulações a Morsi, admitindo a derrota.
Histórico
Em 14 de junho, uma decisão judicial dissolveu o Parlamento, eleito democraticamente e no qual a Irmandade Muçulmana era maioria.
Os militares que governam interinamente o Egito desde a queda de Mubarak garantiram a realização do segundo turno, apesar das acusações de que um golpe estaria sendo armado, e prometeram que vão entregar o poder executivo ao vencedor antes de 30 de junho.
A Irmandade Muçulmana afirmou em comunicado, após a vitória deste domingo, que ela demonstra que o Egito "pode escolher de forma livre seu presidente".
Banida durante o regime de Mubarak -época em que Morsi chegou a ser preso-, a Irmandade chega ao poder pela primeira vez. Mas, após a dissolução do parlamento, ainda há duvida sobre se o seu presidente terá real poder.
O chefe da junta militar, marechal Hussein Tantawi, parabenizou Morsi pela vitória, afirmou a rede de televisão estatal.
Festa na Praça Tahrir
Partidários do grupo islamita tomavam a Praça Tahrir, no centro do Cairo, desde antes do anúncio do resultado, que foi bastante celebrado.
Os militantes agitavam bandeiras e cartazes do líder islâmico na praça, que virou símbolo da rebelião que derrubou Mubarak em fevereiro do ano passado, no contexto da chamava Primavera Árabe.
Para aumentar ainda mais a tensão no país, o estado de saúde de Mubarak, que cumpre pena de prisão perpétua pela repressão aos protestos do ano passado, piorou bastante na última terça-feira (19), e chegaram a circular boatos sobre a sua morte.