Polícia indicia dona de empresa que não realizou baile por estelionato

02/05/2012 20:37

Polícia indicia dona de empresa que não realizou baile por estelionato

Liliane Venâncio, da Lilitty Eventos, prestou depoimento nesta quarta-feira.
Mulher culpou fornecedora de bebidas; ela foi indiciada por estelionato.

Márcio Pinho Do G1 SP

 
Dona da empresa Lility chega para depor em distrito policial de São Paulo (Foto: Márcio Pinho/G1)
 
Dona da empresa Lility prestou depoimento em
Distrito Policial da Zona Leste de São Paulo (Foto:
Márcio Pinho/G1)

A polícia indiciou na tarde desta quarta-feira (3) a responsável pela empresa Lilitty Eventos, Liliane Venâncio, que deixou centenas de alunos sem festa de formatura em Guarulhos e em Suzano, na Grande São Paulo no dia 14 de abril. O indiciamento por estelionato ocorreu imediatamente após o depoimento dela no 63 DP, na Vila Jacuí, Zona Leste de São Paulo.

Durante o interrogatório, Liliane culpou a empresa que deveria ter fornecido as bebidas pela não realização da festa. Ela pode pegar pena de até cinco anos de reclusão.

Liliane compareceu à delegacia quase 20 dias após o evento porque faltou à primeira intimação feita pela polícia. Ela tentava por meio de seus advogados obter na Justiça um habeas corpus preventivo que impedisse seu indiciamento.

 

Segundo o delegado Marcel Druzianni, que investiga a não realização do baile de Guarulhos, a empresária não conseguiu convencê-lo no depoimento que “não tenha assumido o risco de prejudicar as pessoas” e por isso foi indiciada por estelionato. Ele ressaltou o fato de a empresa ter vendido ingressos mesmo no dia da festa, quando já saberia que o evento não iria ocorrer.

De acordo com Druzianni, Liliane alegou que o problema foi o não fornecimento das bebidas por parte da empresa que estava acordada para realizar o trabalho. Às 15h do dia do baile, o fornecedor teria ligado e informado que não iria fornecer mais as bebidas, sem alegar nenhum motivo, contou o delegado. Liliane, porém, não apresentou o contrato. “Ela disse apenas que se trata de uma pessoa de nome Jorge e que as bebidas seriam fornecidas em consignação. Não deu o nome completo e nem o endereço.”

O advogado de Liliane, Sidnei Ferraria, corroborou o argumento, mas disse que preferia não revelar o nome da empresa por “questões comerciais”. Segundo ele, não havia problema com nenhum outro fornecedor do evento. A versão contradiz a investigação, segundo o delegado Druzianni. Após ouvir cerca de 140 pessoas, entre elas o dono do salão, ele concluiu que nenhum fornecedor compareceu ao local onde o baile seria realizado em Guarulhos.

Ferraria afirmou que novamente tentará acionar a Justiça para evitar que sua cliente permaneça na investigação na condição de indiciada. Ele afirma que Liliane ainda quer realizar o evento e que a questão pode ser discutida apenas no âmbito cível. Ou seja, alunos que se sentiram prejudicados podem pedir o ressarcimento ou ainda indenização por danos morais.

Bailes
Dezessete escolas e cerca de 250 alunos e 3 mil convidados são consideradas vítimas pela investigação conduzida pelo 63º DP, onde o caso de Guarulhos foi registrado.

Na última semana, prestaram depoimento os pais de Liliane, que no papel são os donos da Lilitty Eventos. De acordo com o delegado eles não responderão criminalmente porque não tinham nenhuma participação direta na administração da Lilitty. Contudo, os pais de Liliane poderão ser alvo de processos cíveis por parte dos formando que buscarem ressarcimento.